TEMPO E CONTA-Laurindo Rabelo
Deus pede estrita conta de meu tempo. E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta. Mas, como dar, sem tempo, tanta conta. Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo? Para dar minha conta feita a tempo, O tempo me foi dado, e não fiz conta. Não quis, sobrando tempo, fazer conta. Hoje, quero acertar conta, e não há tempo. Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta, Não gasteis vosso tempo em passatempo. Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta! Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo, Quando o tempo chegar, de prestar conta Chorarão, como eu, o não ter tempo...
Comentários
Grande Neto, Cazuza era, ou melhor, é do caralho! Digo é, por quê, apesar de ter feito precocemente a passagem, continua vivo, pois os poetas nunca morrem.
Fortíssimo abraço.